Mind the Reading Part II

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H.D.F. Kitto - Os Gregos

" O que impulsiona o herói grego a praticar atos de heroísmo não é o senso de dever que conhecemos -- o dever em relação aos outros; ao contrárop, é um deber com relação a si mesmo. Ele luta para conseguir aquilo que designaríamos 'virtude' , mas que os gregos chamam aretê, ou seja, superioridade. teríamos muito a dizer sobre a aretê. Ela permeia toda a vida grega.

Asiim, o herói da Odisséia é um grande lutador, um astuto planejador, um orador decidido, um homem de coração valente e grande sabedoria, que sabe que deve suportar sem reclamar muito aquilo que os deuses enviam; ele deve saber construir e velejar um barco, arar a terra tão bem quanto qualquer um, vencer um jovem fanfarrão no arremesso de disco, desafiar os jovens feácios para o pugilismo a luta romana ou para a corrida; tosquiar, esfolar, esquartejar e cozinhar um boi e, ao mesmo tempo, comover-se às lágrimas ao ouvir uma canção. Ele é, de fato, um excelente homem-dos-sete-instrumentos; tem uma aretê excepcional.

A aretê implica no respeito pela integridade e unicidade da vida, e, consequentemente, no desprezo pela especialização. Implica no desprezo pela eficiência -- ou antes, numa idéia muito mais elevada de eficiência, que existe não só em um aspecto da vida, mas na vida em si mesma."

Mind the reading

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É engraçado, eu trouxe uma batelada de livros para Petrópolis, e ainda que tenha folheado alguns em busca de leituras interessantes para os momentos certos, acabei redescobrindo um livro de muito, mas muito tempo atrás mesmo, que eu nem tenho certeza de que acabei de ler da primeira vez.

O mais interessante é que acabei vendo o livro de uma maneira bastante distinta do que quando o comprei (ganhei ? - talvez), acho que na época eu não estava "pronto" para captar a mensagem real do texto.

Segue um resumo apanhado na net:


"Zen e a arte da manutenção de motocicletas: uma investigação sobre valores (1984), Robert M. Pirsig.


O primeiro depoimento do autor: “o verdadeiro veículo que conduzimos é um veículo chamado nós mesmos”, dá uma idéia sobre o tema da obra. O narrador atravessa as planícies norte-americanas com seu filho na garupa, e refaz toda sua trajetória de vida e seu relacionamento com a figura fantasmagórica de Fedro. “O mundo da arte da manutenção de motocicletas é realmente um estudo em miniatura da arte de auto-realização. Reparando uma motocicleta, trabalhando bem, com cuidado, tornamo-nos parte de um processo cujo fim é alcançar uma íntima paz de espírito. A motocicleta é principalmente um fenômeno mental”, diz o autor. No capítulo 20, por exemplo, comenta: “A motocicleta agora está funcionando, mas qual foi a última vez que se verificou o nível de óleo? Para os românticos isto é um exagero, mas para os clássicos é prudência”. Diante de dois tipos diferentes de Qualidade e que não dividiram a Qualidade entre si, põe frente a frente a hierarquia metafísica proposta pelos professores do departamento sobre Realidade: objetiva (física) e subjetiva (mental). Mas, a Qualidade que Fedro estava ensinando não era apenas parte da realidade, era a realidade integral. Vale a pena ler!"

Paz de espírito. Simples e ainda assim tão difícil, especialmente em tempos que achamos tão conturbados, aonde vida, trabalho, amor, família, parecem tão desconexos e, em muitos momentos, conflitantes.

Seja como for, uma leitura prazerosa, ainda que densa. Alternando com as leituras de contos para ajudar as crianças a dormir, fica ainda melhor.