Mind the Poetry

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Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Pois metade de mim é o que grito,
a outra metade é silencio.

Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece
nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos.
Pois metade de mim é o que ouço,
a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço.
Que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Pois metade de mim é o que penso,
a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo se torne, ao menos, suportável.
Que o espelho reflita meu rosto
num doce sorriso que me lembro ter dado na infância.
Pois metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria,
para me fazer arquitetar o espírito.
E que o silêncio me fale cada vez mais.
Pois metade de mim é abrigo,
a outra metade é cansaço.

Que a vida me aponte uma resposta,
mesmo que ela mesma não saiba.
E que ninguém a tente complicar,
pois é preciso simplicidade para faze-la florescer.
Pois metade de mim é minha gente,
a outra metade‚ canção.

Que a minha loucura seja perdoada.
Pois metade de mim é amor
a outra também.


Deve ser a décima quinta vez que eu posto este texto, mas é que bate forte mesmo...

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